sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

11 dicas para 2011


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Certas ocasiões pedem que entremos na linha brega: por isso, aqui vão essas 11 dicas para 2011 (as outras duas mil deixa pra lá!…).

1. Para quem usa bastante o BGG — registrando sua coleção, dando notas aos jogos, marcando as partidas realizadas, etc. — vale a pena entrar no site do "extended stats". É grátis e bem legal:
http://friendless.servegame.org/stats
Ali você tem vários tipos de gráficos e estatísticas que levam em conta tudo o que você registra no BGG.

2. Se você ainda não domina o inglês, que tal conhecer uma listagem de resenhas em português, que já conta com 63 itens?
http://www.boardgamegeek.com/geeklist/49219/game-list-with-portuguese-reviewed-games-in-bgg

3. Ou então uma lista de regras traduzidas para o português, que já tem 295 itens?
http://www.boardgamegeek.com/geeklist/28587/game-list-with-portuguese-rules-translation-files 

4. Se o dinheiro acabou (ou quem sabe talvez nunca tenha nem começado...), conheça jogos print&play. Existem vários de muito boa qualidade, com fiéis seguidores. Exemplos que separei para experimentar em breve:
Estrela Island trader:
http://www.boardgamegeek.com/boardgame/33812/island-trader
Estrela Micropul:
http://www.boardgamegeek.com/boardgame/10660/micropul 
Estrela Valor & Victory:
http://www.boardgamegeek.com/boardgame/28452/valor-victory 

5. E que tal essas homenagens a jogos existentes? 
Estrela Agricola Express:
http://www.boardgamegeek.com/boardgame/45020/agricola-express 
Estrela Infection Express:
http://www.boardgamegeek.com/boardgame/57139/infection-express

6. Se você gosta de jogos do Corné Van Moorsel (como StreetSoccer e Powerboats), conheça o site dele, em que você pode jogar online (no esquema por turnos) diversos jogos, com boa implementação e regras corretamente aplicadas:
www.mastermoves.eu

7. Ou então jogue, também por turnos, diversos jogos bem famosos como Amun-Re, Tikal, Reef Encounter e Santiago, entre outros, num site muito bem feito:
http://www.spielbyweb.com

8. Conheça e "siga" blogs legais, em português e bastante atualizados:
http://gameanalyticz.blogspot.com/
http://eaitemjogo.blogspot.com/
http://dreamwithboardgames.blogspot.com/

9. Está em dúvida sobre o tamanho das cartas de cada jogo, dos protetores de que vai precisar, qual serve onde? Baixe e guarde o seguinte arquivo em pdf, com muitas informações:
http://maydaygames.com/sleeves.pdf

10. Quer jogar um MONTE de jogos online, em tempo real? Não se assuste tanto com o BrettSpielWelt. Ele não é simpático à primeira vista, mas, depois de insistir só um pouquinho, fica bem fácil. Experimente clicar em Download para baixar o programa, em vez de jogar via web.
http://www.brettspielwelt.de/?nation=en

11. Quer jogar Xadrez na internet? O melhor lugar gratuito para jogar ao vivo é o FICS. Veja o meu tutorial:
http://www.paulosantoro.com/xadrez/online.htm
Para jogar Xadrez por turnos, com campeonatos bem organizados e interface TODA EM PORTUGUÊS, vale a pena você conhecer o Queen Alice:
http://www.queenalice.com  
E pode convidar o PauloSantoro para uma partida! Smiley piscando

FELIZ 2011!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Coloretto: tenha sempre à mão!

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Depois de apresentar jogos mais “pesados”, falo hoje sobre um jogo leve em todos os sentidos — mas que vale a pena conhecer e jogar.

Criado por Michael Schacht, um de meus designers favoritos (China, Hansa), Coloretto é um jogo de regras muito simples, mas que estimula um bom posicionamento tático. Como é bem pequeno, dá para carregar para mostrar aos “não-gamers” como uma ótima porta de entrada para o hobby.

Felizmente, não é tão difícil de achar Coloretto importado para comprar no Brasil por algo entre 30 e 40 reais. Além disso, é possível que seja publicado em breve no país, o que deve tornar seu preço ainda menor.

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Feito somente com cartas, Coloretto foi concebido para se jogar com as mãos livres. O deck é embaralhado, a carta que indica o fim é posicionada perto do  fundo e o jogo está pronto para começar.

Em seu turno, o jogador tem, num primeiro momento, de escolher uma entre duas opções: ou sai da rodada recolhendo para si uma fileira completa de cartas (de uma a três), ou continua, abrindo uma nova carta. Caso abra uma nova carta, terá de fazer uma nova escolha: em que fileira da mesa adicioná-la.

É principalmente nesta escolha que o jogo mais agrada. Ainda que seja rudimentar a mecânica, a suave interação que ela provoca dá um dinamismo estimulante na mesa. O jogador deve tentar posicionar a carta de forma a construir uma fileira que seja boa para ele próprio recolher no seu turno seguinte — a menos que isso a torne também desejável para os adversários, que agirão antes de ele ter essa oportunidade.

É possível ainda tentar induzir os outros jogadores a saírem da rodada com um conjunto apenas razoável, impedindo-os assim de poluir uma fileira que lhe seja especialmente benéfica. O jogador pode basear sua escolha tanto numa análise mais lógica quanto numa leitura dos padrões de seus adversários.

Assim, tem-se um jogo que não confundirá um praticante casual, mas entreterá o aficionado mais atento, divertindo simultaneamente a um e outro num espaço de meia hora.

Fique claro que Coloretto não concorre, em qualidade e profundidade de design, com títulos mais sofisticados. Minha proposta é tê-lo sempre à mão, porque é facílimo de carregar e pode ser chamado à mesa em qualquer lacuna de tempo, sendo ainda muito apropriado para um grupo heterogêneo.

Zooloretto, do mesmo autor, é em minha opinião um desenvolvimento desnecessário da essência de Coloretto. É um bom jogo, mas perde as principais virtudes do “original” — portabilidade, rapidez, simplicidade — para criar um produto mais oneroso e que, aí sim, concorrerá com rivais de maior porte.

LINKS

Jogue contra o computador (online)

Coloretto na Ilha do Tabuleiro
Coloretto no BGG

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Resenha: Duck Dealer


Capa Duck Dealer

Eu já havia falado rapidamente sobre Duck Dealer neste post, após minha primeira partida. Tenho agora 5 partidas jogadas, o que significa cerca de 12 a 13 horas de jogo, e por isso farei uma resenha mais completa.

A primeira coisa que chama a atenção em Duck Dealer é a temática esquisita, para o bem ou para o mal. Uns acham engraçada, outros acham ridícula — o que em geral são mesmo as duas faces de qualquer coisa ridícula, e engraçada.

Minha opinião é que, na organização pessoal das ações, o jogo seria muito árido se tivéssemos que pensar em elementos do tipo “pedra”, “madeira”, “construções”, etc. A temática bizarra relaxa o pensamento, e o liberta para que possa planejar com mais propriedade seus movimentos.

Escolhi Duck Dealer para minha coleção pessoal (o que é uma proeza, já que não sou colecionador e mantenho uma prateleira “essencial) porque ele é bem diferente de qualquer outro título que eu conheça, é muito agradável, bem balanceado e extremamente aberto. A mecânica de “coletar energia” dá um toque estratégico especial.

Em Duck Dealer, você não age de fato em todos os seus turnos. Nem tem como. Para viajar, pegar minérios, construir fábricas e mercados, fazer vendas, etc. — para tudo você precisa das “energias”, que são as rodelas de madeira em três cores (mover/trocar/construir) que você coleta em seu turno em vez de fazer qualquer ação.

Por um lado, é mais eficiente o jogador acumular bastante energia e então jogar, pois, se acumular pouca, corre o risco de deixar pela metade o que planejou, permitindo que outro jogador aproveite a sua jogada para conseguir mais pontos.

Mas, por outro lado, demorar demais pode permitir que um adversário comece antes e faça tudo o que você tinha planejado. 

Uma partida terminada de Duck Dealer.

Encontrei algumas queixas sobre isso: você planeja e, por uma ou duas rodadas de diferença, acaba perdendo o direito de fazer o que tinha pensado. Após jogar algumas vezes, considero essa reclamação exagerada. O Universo é grande! Existem muitos planetas e muitas possibilidades para explorar. Dependendo do setup, que é bastante variável, podem até existir algumas oportunidades mais interessantes, mas não o suficiente para ganhar o jogo explorando-a primeiro. Até porque toda exploração, por mais completa que possa ser, sempre abre caminho para que outros tirem proveito de algum modo.

Duck Dealer é o jogo mais pesado de minha coleção (segundo as médias do BGG), o que consegue a partir de regras bem mais simples do que as de Caylus ou Le Havre, dois de meus jogos preferidos. Todas as regras se encaixam com perfeição e permitem um desenrolar suave do jogo. Por isso ele é, dentre os pesados, o que considero mais acessível a jogadores menos experientes. A “árvore tecnológica” é representada com clareza, e mesmo um iniciante não ficará paralisado como diante do Le Havre, com tantas opções disponíveis.

Duck Dealer promove uma interação muito intensa entre os jogadores. Esse “graal” do design moderno é obtido sem deixar o jogo caótico, mesmo com 4 jogadores, o que é impressionante para essa categoria. Até mesmo o enxuto Hansa, do excelente designer Michael Schacht — também um jogo de pegar-e-entregar — sofre horrores com 4 e mesmo com 3 jogadores, pois o controle é tão limitado que muitas vezes vale mais a pena deixar de fazer uma ação interessante somente para passar o turno com uma herança maldita para o jogador seguinte.

Para terminar, repito um comentário anterior. Em alguns poucos momentos do jogo — quando o jogador acumula tanta energia que pode ficar 5 minutos jogando —, pode haver o famigerado downtime. Como isso acontece apenas esporadicamente no jogo, e não toda rodada, é tolerável: é a hora certa de aproveitar para ir ao banheiro ou pegar um lanche. Ou então continuar refletindo sobre sua própria rodada, como fez o sujeito lá do BGG, que comentou: “Se o jogo tem downtime? Nem sei: estávamos ocupados demais pensando, para perceber”.

Duck Dealer na Ilha do Tabuleiro
Duck Dealer no BGG

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O grande incêndio de Londres

 

Capa de The Great Fire of London 1666

A caixa é linda e a ideia empolga. As notícias também geraram bastante expectativa. O jogo pode sem dúvida acabar agradando algumas pessoas (como você, leitor, por exemplo), mas para mim decepcionou.

The Great Fire of London 1666, criado por Richard Denning, foca no histórico incêndio que devastou Londres no século XVII. No tabuleiro, os cones vermelhos que representam o fogo vão se expandindo do ponto inicial (Pudding Lane) e queimando as casas pelo caminho.

Em seu turno, o jogador lança uma carta para expandir o fogo para onde desejar — até certo ponto. Para manter a coerência, a jogabilidade e o balanceamento, foi necessário criar uma série de restrições meio trabalhosas para um jogo “médio-leve”. É um problema que certamente irá perdurar mesmo com a experiência e o bom conhecimento das regras, porque você precisa ir checando a existência de lugares prioritários para alastrar o fogo, antes de alastrá-lo para onde você quer.

JogaBobs: conhecendo o jogo em 4/12/2010

As mecânicas usadas para implementar essa temática acabam lembrando fortemente outros 3 jogos:

- Clans: todas as cores entram em jogo, independentemente do número de jogadores, e vão pontuando “sozinhas”, sem que saibamos qual cor representa qual jogador. Espalhar o fogo para cima das cores que não são suas lembra a ação, no Clans, de juntar cabanas de cores adversárias para prejudicar a pontuação delas.

- Pandemic: o fogo se alastrando e as ações de contenção, em que os jogadores apagam o fogo, lembram muito os outbreaks e as ações de tratamento. Além disso, o deck dos jogadores inclui verdadeiras cartas “epidemic”, que detonam intensificação das chamas, tornando-as mais difíceis de serem contidas.

- The Downfall of Pompeii: salve-se quem puder!

A semelhança com outros jogos não é um demérito em si. O problema é que, em minha opinião, ela não colaborou para a criação de um jogo melhor do que nenhum dos três citados.

Se Clans é quase tão caótico como o Great Fire, pelo menos ele dura 4 a 5 vezes menos e, mecanicamente, se atém a uma essência. Pompeii, também mais simples, é mais engraçado. E Pandemic transmite uma sensação maior de urgência e de realização.

O mais frustrante para mim é que o jogo não permite tanta estratégia e controle. Em um jogo de 70-90 minutos, isso pesa bem. Acontece que as casas estão, claro, muito espalhadas, e o trabalho em conjunto dos jogadores fará com que a pontuação seja bem equilibrada de qualquer modo, por maiores que sejam seus esforços.

Ouvi reclamações sobre os componentes também, mas eu não tenho queixas. Acredito que foram geradas muito mais por expectativa, já que algumas versões de demonstração do jogo apareceram com algumas peças diferentes da edição final. Para mim, a produção do jogo é muito boa.