Nenhuma resenha havia me convencido a jogar Ricochet Robots com os amigos. Nem mesmo esta boa implementação para jogar pela web fez com que eu me interessasse pelo multiplayer ao vivo. E por quê? Porque você olha e parece que não passa de um puzzle de natureza essencialmente solitária.
Mas quando, por acaso, apareceu a oportunidade, o jogo se revelou praticamente um party game de tão animado. Não é um quebra-cabeça que você tem que resolver mais rápido que os adversários. O “segredo” do design é que cada desafio tem diversas soluções possíveis.
No jogo, seguindo determinadas regras — aliás, bem simples —, é necessário empregar um certo número de movimentos dos robôs no tabuleiro para fazer um determinado robô chegar até um alvo. Todos os que estiverem em volta da mesa (o número de participantes possíveis é de “um a infinito”, segundo a caixa) tentam ao mesmo tempo encontrar alguma solução.
O primeiro a conseguir (ou a achar que conseguiu…) deve dizer em voz alta o número de movimentos de que precisará para executar essa solução. Neste momento é acionada a ampulhetinha de 1 minuto.
Os outros jogadores podem dar seus “lances” também, enquanto a ampulheta não se esgota. Você pode até dizer um número maior do que outros já falados — e torcer para que eles estejam errados!
O fato de existirem múltiplas soluções mantém a competição acirrada e a mesa animada. Se um jogador encontra um engenhosa solução de 8 movimentos, nada impede que outro encontre outra de 7, e surpreendentemente mais simples, que não havia sido notada antes.
Jogadores iniciantes podem se sentir um pouco acanhados e frustrados por não conseguirem enxergar boas soluções. Mas garanto que esse problema é passageiro. Aconteceu comigo e vi acontecer com várias pessoas, que chegavam a afirmar “nunca vou conseguir jogar isso direito”, mas 10 minutos depois já estavam competindo. Basta apenas um pouco de prática e ver como os demais encontram suas soluções.
Alex Randolph, o designer, foi um prolífico criador de jogos até falecer em 2004, aos 82 anos. Outros de seus jogos mais conhecidos são Inkognito (em parceria com Leo Colovini), Code 777 e Twixt. Seu jogo Big Shot chegou a ser publicado no Brasil pela Grow, com o nome de Leilão de Imóveis. Ganhou o Spiel des Jahres em 1982 pelo jogo Sagaland.